Iniciando um projeto que parecia que nunca iria sair do papel. Nessa série farei reviews de álbums que me trazem algum sentimento, alguma coisa diferente que me faz querer sentar, escrever, dividir… Nesse primeiro review, vou interiorizar o álbum Flôres de 2018 do artista brasileiro Camões.

Camões - Flôres

  1. Só na cena: Como um visionário, em 2018 Camões começa seu álbum falando que “segue em quarentena”. A música de abertura do álbum não é refinada, e têm como único objetivo teletransportar o ouvinte pra praça General Osório, pro Rio de Janeiro, pra dinâmica da vida do carioca, pra dinâmica do artista, no fim das contas o que importa é só ser reconhecido na própria vizinhança, ser o “bam bam bam” de Ipanema.
  2. Nova Aurora: De repente vêm um combo que é um renascimento, uma redefinição de identidade musical do artista. Parece que de repente, tudo vai ser dividido antes e depois das músicas Nova Aurora e Cumbia da Gota. É uma essência de Brasil, é a identidade de brasilidade. Uma festa em que você perde a definição do tempo, sem luxo, uma festa em Nova Aurora que têm tudo que uma festa tem que ter… mas até a manhã seguinte quando a realidade bate a porta, e mais um dia de trabalho se espera…
  3. Cumbia da Gota: Mas tudo continua com Cumbia da Gota, toda a frustração, tudo vêm e vai depois de três doses de cachaça em um bar da vizinhança… até o baile acabar… até a gota secar… até a última dança, até a última dança…. Que a manhã nunca chegue, que a dança nunca pare, e que a gota nunca seque…
  4. Pista 3: Uma sonoridade disforme, nada melódica, nada poética… ilustra uma decisão ilógica e que vêm de dentro. Quem nunca decidiu ir à Pista 3 sem nenhuma razão somente pra se arrepender no dia seguinte? Acordar sem uma ideia clara do que passou, de ideias racionais, um arrependimento sem uma razão específica, uma felicidade genuína por somente ter a oportunidade de tomar mais uma xícara de café…
  5. Interlúdio Bad Vibe: De repente, uma faixa que fala com o coração do artista, com a realidade que é mais forte que a razão, passar de amor em amor, de pista em pista, afinal, se não tiver sofrimento, se não tiver história, se não tiver amor, por quê?
  6. Troca Sagaz: Perco o foco em conter a minha paz. Camões resume o amor a um quebra-cabeça inperfeito, a um jogo de informação incompleta, no fim de tudo, encaixamos o que sobrou de nós, o que sobrou da nossa amada, e o que ainda temos abertos para dividir…
  7. Sem querer: O amor, no fim, não é ser correspondido, mas deixar a pessoa amada livre para ser feliz. Queremos que a dividir os momentos feliz com a pessoa amada, mas no fim só se isso for uma vontade mútua, de querer… só eu e você…
  8. Ana: Uma declaração vinda de um artista sempre vêm acompanhada de um sentimento de contradição, é não crer no amor mas se entregar 100% mais uma vez… até a próxima decepção, até o próximo amor…
  9. Paraty: A minha favorita. A música começa com uma melodia diferente, é como uma bomba relógio pronta para explodir, como a personagem descrita pelo artista. Uma paixão arrebatadora, inflamada. Os estilos de vida são semelhantes, os gostos também, a pessoa amada é interessante, de repente temos tudo que esperamos de um amante, mas por quê de repente a paixão desaparece? Por quê, sem explicação, mesmo com os pontos em comum, com todo esforço, o amor desaparece? Vai ver não sou mais o tal parceiro ideal bom pra casar…
  10. Tédio: E o álbum termina com um estouro, como terminar um álbum com Tédio? É a última música, depois dela o vazio existencial vai voltar, qual o próximo passo, qual a próxima música, qual o próximo álbum? O que fazer depois de ter tudo terminado? Quando tenho tudo terminado tenho tédio, tédio…

Nota: 7.5/10